domingo, 25 de setembro de 2022

Livro: A lenda da imortalidade da alma, a respeito de Dn 12, 13

Quando o salmista estaria com o Senhor?

No Antigo Testamento é certo que os mortos não iam ao céu. Portanto, a refutação que o autor faz dessa doutrina é eficaz contra a doutrina protestante, mas não toca a doutrina católica. De fato, a fé católica ensina que os mortos ficavam no sheol, na mansão dos mortos.

Por isso, não há quem desejasse a morte no Antigo Testamento. Assim, quando se lembra que São Paulo desejava morrer e estar com Cristo, isso é mais uma prova de que os mortos de fato encontram-se com Deus a partir da morte e ressurreição de Cristo, e que se fosse diferente os mortos do Antigo Testamento poderiam usar a noção de que não havia existência no estado intermediário.

A esperança da ressureição para os salvos do Antigo Testamento e a promessa da ressureição, a garantia da ressureição em Cristo, não explicaria totalmente esse desejo que o salvo do NT possui que faltava ao do AT.

Para o holismo isso seria porque os antigos não tinham certeza de que ressuscitariam, mas os do NT teriam a certeza absoluta. No entanto, textos como Daniel 12, 13 são prova contra essa interpretação, já que ali se encontra a promessa da ressurreição, o que já serviria igualmente de consolo, quando se olha para o período intermediário.

Ainda, a condição da morte no holismo é de inexistência. Não há tanto o que temer. É verdadeira a explicação sobre a frase “preciosa é a morte dos santos”, já que a morte no AT é vista de forma bastante negativa.

No entanto, a explicação mortalista não parece ser superior à explicação imortalista. Para o holismo em ambos os casos haveria inexistência na morte. Então, a partir de Cristo a certeza da ressureição tornaria as coisas diferentes pela mudança de perspectiva somente, onde o salvo não olharia para a condição da morte, mas para a ressureição. Mas isso não é o que vem à tona, claramente, quando se lê a Bíblia.

Agora, para o imortalismo, onde os salvos estavam nas sombras da morte no AT, e agora estão na glória do céu, é bastante compreensível que os salvos do NT considerem a morte de forma bastante diferente.

Essa é uma das grandes dificuldades para o mortalismo. A explicação mortalista é mais fraca. Isso é mais um indício de que a doutrina possui fragilidades importantes.

Em termos simples, na mente mortalista, o salvo do Antigo Testamento não queria morrer por conceber a morte como inexistência. Enquanto isso, o salvo do Novo Testamento igualmente conceberia a morte como inexistência, mas sabendo com certeza que iria ressuscitar, então aceitaria a morte com alegria, pois saberia que estaria com Cristo.

Essa explicação torna a questão muito complicada, pois ensina que realmente a dúvida que os salvos do Antigo Testamento tinham quanto à ressurreição era tão grande que os faria preferir estar vivos, pois doutra forma na verdade não possuíam esperança. Está vendo que a dúvida nesse sentido destruiu a esperança?

Além de fraco esse raciocínio, ele contradiz Dn 12, 13 citado no livro, pois nessa passagem está certo e claro que o profeta irá ressuscitar: “você se levantará para receber a herança que lhe cabe”. Como dizer que ele não tinha certeza da ressureição?  Será que não cria na promessa feita?

Isso ajuda a entender bastante esse caso. Os judeus não tinham uma ideia clara da vida pós-morte, nem da ressurreição, nos tempos mais antigos. Mas, a revelação progressiva trouxe esse dado, mas ainda não tão claro, se compararmos com o que há na revelação depois de Cristo. Pelo que foi explicado no livro mortalista, isso é algo compreensível, porém, a posição imortalista é superior.

Dessa forma, afirmar que houve apenas mudança de foco em relação ao estado dos mortos, parece não ser tão razoável, é pouco plausível. É mais fácil entender, de forma natural, que houve diferença no estado dos mortos.

Quando no AT os mortos iam para o sheol, no NT todos já podem entrar no céu. Essa explicação é muito mais razoável, e explica o desejo do apóstolo São Paulo de partir e estar com Cristo, o que é muito melhor, ou seja, melhor do que estar vivo na terra, onde a vida do cristão já é Cristo. Como estar melhor na morte se a morte fosse inexistência? Esse texto de Fl 1, 23 é imbatível para provar a imortalidade da alma. Ele é estudado à parte, analisando cada argumento do livro em relação a essa passagem, vale a pena conferir.

Gledson Meireles.

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