Quando o salmista estaria com o Senhor?
No Antigo Testamento é
certo que os mortos não iam ao céu. Portanto, a refutação que o autor faz dessa
doutrina é eficaz contra a doutrina protestante, mas não toca a doutrina
católica. De fato, a fé católica ensina que os mortos ficavam no sheol, na mansão dos mortos.
Por isso, não há quem
desejasse a morte no Antigo Testamento. Assim, quando se lembra que São Paulo
desejava morrer e estar com Cristo, isso é mais uma prova de que os mortos de
fato encontram-se com Deus a partir da morte e ressurreição de Cristo, e que se
fosse diferente os mortos do Antigo Testamento poderiam usar a noção de que não
havia existência no estado intermediário.
A esperança da
ressureição para os salvos do Antigo Testamento e a promessa da ressureição, a
garantia da ressureição em Cristo, não explicaria totalmente esse desejo que o
salvo do NT possui que faltava ao do AT.
Para o holismo isso
seria porque os antigos não tinham certeza de que ressuscitariam, mas os do NT
teriam a certeza absoluta. No entanto, textos como Daniel 12, 13 são prova
contra essa interpretação, já que ali se encontra a promessa da ressurreição, o
que já serviria igualmente de consolo, quando se olha para o período
intermediário.
Ainda, a condição da
morte no holismo é de inexistência. Não há tanto o que temer. É verdadeira a
explicação sobre a frase “preciosa é a morte dos santos”, já que a morte no AT
é vista de forma bastante negativa.
No entanto, a
explicação mortalista não parece ser superior à explicação imortalista. Para o
holismo em ambos os casos haveria inexistência na morte. Então, a partir de
Cristo a certeza da ressureição tornaria as coisas diferentes pela mudança de
perspectiva somente, onde o salvo não olharia para a condição da morte, mas
para a ressureição. Mas isso não é o que vem à tona, claramente, quando se lê a
Bíblia.
Agora, para o
imortalismo, onde os salvos estavam nas sombras da morte no AT, e agora estão
na glória do céu, é bastante compreensível que os salvos do NT considerem a
morte de forma bastante diferente.
Essa é uma das grandes
dificuldades para o mortalismo. A explicação mortalista é mais fraca. Isso é
mais um indício de que a doutrina possui fragilidades importantes.
Em termos simples, na
mente mortalista, o salvo do Antigo Testamento não queria morrer por conceber a
morte como inexistência. Enquanto isso, o salvo do Novo Testamento igualmente
conceberia a morte como inexistência, mas sabendo com certeza que iria ressuscitar,
então aceitaria a morte com alegria, pois saberia que estaria com Cristo.
Essa explicação torna a
questão muito complicada, pois ensina que realmente
a dúvida que os salvos do Antigo Testamento tinham quanto à ressurreição era
tão grande que os faria preferir estar vivos, pois doutra forma na verdade não
possuíam esperança. Está vendo que a dúvida nesse sentido destruiu a esperança?
Além de fraco esse
raciocínio, ele contradiz Dn 12, 13 citado no livro, pois nessa passagem está
certo e claro que o profeta irá ressuscitar: “você se levantará para receber a herança que lhe cabe”. Como dizer
que ele não tinha certeza da ressureição?
Será que não cria na promessa feita?
Isso ajuda a entender
bastante esse caso. Os judeus não tinham uma ideia clara da vida pós-morte, nem
da ressurreição, nos tempos mais antigos. Mas, a revelação progressiva trouxe
esse dado, mas ainda não tão claro, se compararmos com o que há na revelação
depois de Cristo. Pelo que foi explicado no livro mortalista, isso é algo
compreensível, porém, a posição imortalista é superior.
Dessa forma, afirmar
que houve apenas mudança de foco em relação ao estado dos mortos, parece não
ser tão razoável, é pouco plausível. É mais fácil entender, de forma natural,
que houve diferença no estado dos
mortos.
Quando no AT os mortos
iam para o sheol, no NT todos já
podem entrar no céu. Essa explicação é muito mais razoável, e explica o desejo
do apóstolo São Paulo de partir e estar
com Cristo, o que é muito melhor,
ou seja, melhor do que estar vivo na terra, onde a vida do cristão já é Cristo. Como estar melhor na morte se a morte
fosse inexistência? Esse texto de Fl 1, 23 é imbatível para provar a imortalidade
da alma. Ele é estudado à parte, analisando cada argumento do livro em relação
a essa passagem, vale a pena conferir.
Gledson Meireles.
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