Debate entre Dave
Armstrong e Francisco Tourinho
Comentários sobre o
debate a respeito da Unigenitus,
1713.
Interessante debate de
Dave Armstrong, apologista católico, e Francisco Tourinho, apologista
protestante, sobre a proibição da leitura da Bíblia na Bula Unigenitus de 1713.
Considerações
sobre o debate
O assunto está muito
bem desenvolvido, visto que origina-se já de um debate, começado com o Dave
Armstrong refutando um artigo publicado em um blog protestante, onde o Dave
escreveu vários artigos de refutação. Portanto, haverá grande desenvolvimento
do assunto no presente debate.
O artigo original é
cheio de citações de documentos, sendo bastante técnico. Pode ser acessado aqui,
no blog protestante, cujo link está
no final deste texto.
Uma nota interessante,
a de número 3 do artigo, é que o autor questiona sobre os erros das “más”
traduções, porque a própria Vulgata contém erros. Em resposta poderia ser dito
que a Igreja está preocupada com erros que levam à heresia, que são contra a fé
e a moral, e não qualquer discrepância ou erro de tradução que não tenha
tamanha gravidade. Não se está advogando uma tradução perfeita. No Protestantismo
há mais erra tendência, com a King James, enquanto que certos católicos
apresentam nesse sentido a Douay-Rheims, que são traduções em inglês.
Oficialmente a Igreja não ensina que há uma tradução perfeita, mas zela para
que todas as traduções não levem a erros de fé e prática. Isso explica a
posição diante de outras versões produzidas foram do âmbito católico.
O papa Inocêncio afirma
que somente os que possuem o “intelecto da fé” podem compreender a Escritura.
Isso é importante. Passemos adiante.
Vamos agora ao debate
sobre a Bula Unigenitus. O link do artigo também encontra-se no
final do presente texto.
Francisco Tourinho
escreveu artigo resposta ao Dave. Acesse no final.
Abaixo segue uma
análise do que foi dito pelo apologista protestante nesse artigo.
Parte
1
É
necessário ter humildade para entender o outro
O objetivo apresentado é
de “refutar as afirmações proferidas pelo
senhor Armstrong”. É o que será avaliado. Será mesmo uma refutação? Ou uma
resposta que não chegou a compreender a questão? Ou que errou o alvo,
introduziu novos assuntos, errou na interpretação da doutrina católica? Preste
bem atenção nesse pormenor.
“Procederemos a explanação nessa ordem e veremos se as conclusões do
senhor Armstrong se seguem dos seus argumentos”. Isso é bom. Vejamos como
foi feito.
Os artigos são longos,
e, portanto, o comentário aqui não poderá ser muito breve. Apesar disso, tem
algumas considerações pertinentes.
O apologista
protestante entende que a bula papal é “um
ensino de fé para todo o rebanho”. Pense primeiro: o protestante entende
que esse documento é infalível e é um ensino doutrinal para a Igreja Católica
inteira. É esse o modo de entender da Igreja Católica? É assim que a teologia
católica entende a questão? Ou é a interpretação do protestante sobre o modo da
Igreja Católica agir?
Com isso mente, o autor
pensa estar interpretando a doutrina católica adequadamente, e quando encontrar
qualquer opinião contrária a esse ponto, por exemplo, entenderá que se trata de
uma contradição do magistério, certamente. Isso ocorre muito entre os
protestantes, quando leem os escritos católicos.
Em primeiro, entre as
afirmações dos concílios ecumênicos sobre fé e moral não há contradição entre
quaisquer deles. Em segundo lugar, há muitas divergências no que tange a outras
questões, até mesmo ligadas à fé, mas que não são dogmas, não são infalível,
são provisórias, são circunstanciais.
Então, o autor entende
que a proibição geral é “claríssima”.
E afirma: “ou seja, a pessoa simples não
pode ter uma Bíblia em casa, muito menos fazer sua leitura sem sofrer uma
sanção da Igreja de Roma”.
É claro que nesse
período as coisas funcionaram justamente assim. Ponto pacífico. Era tempo
muitas heresias, etc. Outra mentalidade. Mas, um fato é importante ter em mente
sempre: havia possibilidade do católico ler a Escritura, com a permissão do
bispo e do inquisidor, como entendeu o autor. Isso mostra que para o bem
espiritual pessoal de um indivíduo, segundo o parecer da autoridade
eclesiástica, havia permissão da leitura da Escritura.
E o apologista
continua: “Aqui fica claro que a Igreja
de Roma realmente julga que existem pessoas que não precisam da leitura da
Escritura, mas pior ainda, que a leitura da Bíblia é prejudicial para algumas
pessoas.”
Mas é justamente isso.
A leitura da Bíblia não é “obrigatória” a todos. Ponto inegável. O bom senso
nos ensina isso. Ainda, a leitura da Bíblia pode ser prejudicial a algumas
pessoas!!! A Palavra de Deus interpretada erroneamente pode trazer malefícios,
que a própria pessoa traz sobre si mesmo. De algo santo e bom faz algo
maléfico.
Isso é inegável, porque
há pessoas que não possuem o intelecto da fé, não possuem preparação, não
examinam as Escrituras com devoção, etc. Trazem sobre si repentina destruição,
pelas heresias que concebem. Isso em nível individual.
Pense nisso.
O problema é pessoal e
não da Escritura, diga-se de passagem. É uma possibilidade. Portanto, ao
afirmar “mas pior ainda”, o autor não
pensou nisso. Há uma pressuposição que o levou a considerar isso algo ainda
pior.
O caso da proibição da
leitura, para muitos, para a maioria, talvez, ser um tipo de “gnose”, não é
correto. De fato, é uma leitura muito, e muito, superficial. É compreensível, mas superficial. É o mesmo que
afirmar que Calvino foi contrário às imagens porque foi influenciado pelo
gnosticismo, por ser contrário à matéria. De fato, há afirmações de João
Calvino que lembram o espírito gnóstico, argumentos que são mais gnósticos que
bíblicos na questão das imagens. Mas, afirmar categoricamente que a doutrina
veio do gnosticismo é superficial. O mesmo pode ter chegado àquelas conclusões
por outras vias e não por influência gnóstica.
Assim, a Igreja não
está negando o conhecimento total da revelação a ninguém, mas apenas afirmando
que muitos não podem encontrá-lo por si mesmos pelo livre exame. É um fato.
Quem pode negar isso?
Mas, o protestante dirá
que o essencial, que é a mensagem salvífica, está claro e pode ser alcançado
por qualquer um. No entanto, se o protestante afirmar que, com isso, também é
possível surgir interpretações que levem a heresias, e que isso invalida a fé
que o convertido teve em Cristo, porque o verdadeiro crente não adotaria
heresias de perdição, então o caso fica ainda mais complicado, pois entra aí o
papel da autoridade da tradição e da Igreja para corrigir as interpretações mal
feitas e etc, para ordenar o conhecimento do novo convertido, através de bom
discipulado.
O uso do “parece ser”,
do “é provável”, que é frequente entre estudiosos, do mais alto calibre, parece
ser desconhecido por muitos protestantes. E parece ser o caso do autor
protestante.
É óbvio que o parece
ser, assim usado, logicamente leva à abertura a outra opinião, a outra
possibilidade, etc. Mas, é verdade, também, que é uma expressão que indica a
mais alta probabilidade que os indícios, ou até mesmo as evidências apontam, de
que o caso é de fato assim, e dificilmente se poderia dizer algo contrário.
Isso mostra que não é
intuito de defender a Igreja contra a acusação de mudança de opinião. O
protestante pensa: A Igreja ensinou tal coisa e agora mudou de opinião. O
apologista tenta negar isso, esforçando-se por harmonizar o pensamento
contraditório. Mas, não se trata disso, e é preciso aumentar o nível de
compreensão das coisas, inclusive da linguagem culta, para que isso seja
compreendido. Isso mesmo, aumentar o nível. É uma chave para o autor pensar.
A leitura natural do
texto. Qual é? A do católico, que entende, que acredita, que se submete, que
defende a doutrina da Igreja, que é reconhecido como fiel à doutrina da Igreja,
reconhecimento esse da própria Igreja, ou a do protestante, que está lendo um
documento com muitos pressupostos não católicos, que não crê na doutrina da
Igreja Católica, que ainda não compreende bem o Catolicismo? É óbvia a
resposta.
É muito difícil para o
protestante entender essas coisas. Deve ouvir o outro, entrar em diálogo, fazer
as devidas distinções.
Isso é para que o autor
protestante pense e aprenda mais, isso o levará mais próximo da verdade, e do
Catolicismo, consequentemente. Queira ou não, quanto mais próximo da verdade,
mas próximo da Igreja Católica.
O protestante afirma
que o documento é “uma condenação cabal à
leitura da Escritura por todos os crentes sem exceção”, e o católico
explica que não se trata disso. Veja bem o dogmatismo do protestante que não
aceita a opinião do católico. Isso esconde algo.
Vejamos. Se a Igreja
Católica de fato proibiu absolutamente a leitura da Bíblia, isso foi um erro.
Se agora a Igreja Católica aconselha a leitura da Bíblia, ela mudou de opinião.
Se essa mudança ocorreu, então a Igreja errou. Se o caso é uma questão de fé, a
Igreja errou em questão de fé e não pode ser infalível. Se o católico está
tentando defender a Igreja afirmando que ela nunca proibiu absolutamente a
leitura da Bíblia, e isso for verdade, então a Igreja mantem a mesma opinião, a
questão é explicada circunstancialmente, e a infalibilidade da Igreja está
intacta.
Se a Igreja de fato
mudou de opinião, implicando em tudo o que foi dito antes, então a
interpretação do autor protestante está certa, e ele não deve acatar o parecer
católico, visto que acha absurdo que uma vez a Igreja tenha se colocado contra
a leitura da Bíblia e agora tenha mudado de opinião, ainda que a opinião seja
melhor e tenha sido corrigida, o fato de que isso ocorreu seria uma prova da
não infalibilidade da Igreja e uma razão para que o autor não se dobre à
posição católica seja ela qual for. Pense nisso.
De fato, o protestante
acredita que a leitura da Bíblia é para todos. Pelo menos é isso que
transparece nos argumentos. Preste
atenção: é algo que flui logicamente da argumentação comumente empregada. Mas,
mais abaixo veremos que isso não é tão fácil de defender assim.
A Igreja Católica não
ensina isso. Portanto, o ponto foi atingido: a obrigatoriedade da leitura da
Bíblia não existe. Isso certamente é o que o autor está afirmando: “A leitura
da Sagrada Escritura não é para todos.” É uma afirmação no interior da
afirmação. De fato, afirmar que a leitura é para todos, supõe a obrigatoriedade
de que todos venham a examinar a Bíblia para encontrar a salvação. Isso não é o
que diz o bom senso, e não é o que o autor certamente tenha a intenção de
ensinar. Se a opinião é de que a leitura da Bíblia deve sempre estar disponível a todos, com a liberdade dada a todos,
então a questão é bem outra.
Francisco Tourinho
escreve: “Jimmy Akin, embora tentando
tornar mais leve a condenação, foi muito honesto intelectualmente ao assumir
que a Igreja de Roma não defende que todas as pessoas leiam a Escritura,
diferente de apologistas brasileiros que ensinam que nunca um católico romano
foi proibido examinar a Sagrada Escritura”.
A Igreja nunca defendeu
que todos leiam a Escritura. No sentido de obrigatoriedade.
Mas, e o bom católico, aquele que se mostra fiel, que demonstra interesse no
estudo bíblico, que apresenta-se de acordo com a doutrina que professa
publicamente? Foi alguma vez proibido de ler a Bíblia? Essa certamente é a
defesa que os apologistas fazem, afirmando que nunca o católico foi proibido de ler a Bíblia. Estamos tratando de
pessoas, individualmente. Esse ponto é preciso considerar para refutar uma
afirmação que o autor faz no artigo, e que será vista mais abaixo.
É preciso conhecer a
Escritura, e isso também é feito pela frequência à Igreja, pelos sermões, pela
catequese, etc. Conhecer o evangelho e a doutrina da salvação inteira não é
unicamente por meio da leitura da Bíblia, tornando-a obrigatória. Esse é o
ponto defendido pela Igreja Católica. Tentar negar isso é ir contra o bom
senso. Creio que o apologista não tem o que objetar a isso.
Afirmar que o Dave
Armstrong foi contraditório é não entendê-lo. De fato, ele é um apologista que
realmente compreende bem o que a Igreja Católica ensina, colocando em linguagem
mais clara, de forma mais compreensível, pontos mais sutis como esse.
Não parece que houve
algo de contraditório entre o explicado pelo Jimmy Akin e a explicação do Dave.
De fato, o Dave afirma isso na resposta que forneceu. Confira.
Diante disso, temos que
o apologista protestante afirma ter entendido o que escreveu o Jimmy, ao mesmo
tempo que o Dave acreditou estar em consonância com o pensamento do mesmo,
quando de fato não estava. Será mesmo que o Dave não entendeu o Jimmy? Uma vez
que o Dave afirma que concorda com o Jimmy, será que o apologista protestante
teimará em afirmar que a opinião de ambos é diferente?
Então, o autor
protestante afirma que há contradição entre Trento e o Vaticano II nesse
quesito. Trata-se do que foi mencionado acima, e que o apologista protestante
deve refletir. As diferenças não tocam a doutrina infalível, como já explicado.
Quanto à leitura da
Bíblia para todos, isso deve ser entendido de acordo com as mudanças temporais.
Basta ver que antes a leitura era livre, havendo momentos de limitações, depois
voltando a ser livre, como hoje. Outro ponto para pensar. Isso é simples.
Então, o autor
pergunta: “Será que o Papa verificou se
cada um dos ouvintes eram homens preparados e eruditos para lerem a Escritura?
Onde está a infalibilidade papal e do magistério com uma contradição tão
patente?” Isso foi mencionado acima, basta agora refletir sobre o pequeno
entendimento que o apologista protestante tem do Catolicismo.
O mesmo se repete nessa
conclusão do apologista: “Somente um dos
dois estão certos: ou a Unigenitus está certa ou o Papa está em heresia e a
Igreja de Roma está sendo conivente com o erro da venda de Bíblias a qualquer
pessoa.”
Ele afirma que a
proibição da leitura da Bíblia foi infalivelmente
proibida. Com isso em mente, o apologista está errado. São coisas que afastam
os protestantes do Catolicismo, a falta de conhecimento. Pensam que entendem o
Catolicismo, quando de fato não entendem, e aqui está um exemplo. Vamos ver se
agora, com essa oportunidade, essas coisas básicas sejam entendidas, e os
argumentos protestantes que o apologista tem contra a Igreja diminuam.
Parte
2
O título é: “A LEITURA DA ESCRITURA PODE SER PROVEITOSAMENTE LIDA POR QUALQUER
CRISTÃO?”
Diria que sim. Há
probabilidade. É uma possibilidade. É assim que deve ser. Mas, não é certo que
todo cristão fará da leitura da Bíblia uma coisa proveitosa. Muitos não o
fazem. É possível.
O autor afirma que já
foi provado, demonstrado, que a
Igreja condenou a leitura da Bíblia por todos os fieis. Não adianta os papas
afirmarem o contrário, pois um apologista católico, no entender do apologista
protestante, admitiu que isso ocorreu! É o que se depreende do exemplo dado.
A leitura da Bíblia só
pode ser feita com a permissão do Bispo ou do inquisidor? E se o bispo admitir
que todos leiam? E se o inquisidor fizer o mesmo?
O apologista
protestante afirma que o Magistério contradiz o concílio de Trento e a Bula Unigenitus. Respondido acima. O Dave
também responde em seu artigo.
Agora, o apologista irá
fala do que conhece bem, do calvinismo, que é parte integrante do Protestantismo
histórico. De fato, ele é calvinista. Então, depois veremos o conhecimento do
Dave Armstrong sobre o tema, pois ele é de fato um apologista competente.
Agora que estamos em
campo protestante, com assunto protestante, tratado por apologista protestante,
vejamos: “Agora devemos fazer algumas
distinções: não é que a leitura da Escritura seja absolutamente necessária a
todos homens para serem salvos, pois as crianças são salvas e, igualmente os
iletrados, mesmo sem ele mesmo fazer a leitura da Sagrada Escritura.”
De fato, o autor disse
o que a doutrina católica tem como pressuposto: a leitura da Bíblia não é
necessária para a salvação. Há concordância. Todas as vezes em que se chega à
verdade, também há concordância com o que a Igreja Católica ensina.
Aquilo que aparece
muitas vezes nas entrelinhas nos debates, agora surge de forma clara. Não é
razoável prender alguém por ler a Bíblia, como ocorria. Mas, em outros tempos,
todos achavam razoável. Pensemos nisso.
A opinião: as heresias
vieram de homens cultos e não dos simples. É uma constatação formidável.
Interessante. E mais: “é um crime hediondo proibir seu acesso”. Mas, deve-se
entender o espírito da época em que isso ocorreu.
Em primeiro lugar,
lembra-se que acima foi frisado o acesso e crescimento espiritual do indivíduo à Bíblia? Pois bem. A Igreja
não estava, e não está, apenas se preocupando com o surgimento de heresias em
larga escala, que só veem de líderes influentes, de pessoas cultas, como os
citados no artigo. Mas, também, a Igreja não deseja que uma alma se perca por
conceber heresias pela leitura e interpretação privada da Escritura Sagrada.
Por isso, a questão da proibição se entende em nível pessoal, individual,
particular, de pessoas mais simples, com menos conhecimento teológico.
Outra coisa: “que fique registrado que nunca defendemos
que a leitura não é para todos.” De fato, o apologista reconhece que o
calvinismo proibiu certas versões da Bíblia. Então, proibiu lê-las, possuí-las.
Portanto, fez o que a Igreja Católica fez em determinados tempos e a respeito
de determinadas traduções bíblicas e outras obras.
Quando a Igreja pensa
que a leitura não é para todos, está certamente levando em consideração a realidade, que o próprio autor utilizou
ao citar um analfabeto que conhecia a Bíblia ouvindo a leitura de outra pessoa.
Nem todos leem. Isso, portanto, não é questão a ser discutida.
A Igreja ensina pelos
seus ministros, no culto para a assembleia, nos sermões, na catequese, etc. É
isso que está pressuposto.
Aqui entra o desafio do
autor protestante, sobre a TULIP. O Dave não entrou no assunto no momento, pois
tem o costume de separar os temas. Negar que as divisões protestantes advém da
livre interpretação é algo fantástico. Nota-se que o Dave tem essa mesma
opinião. É, de fato, impossível negar.
E as controvérsias
católicas? São semelhantes às dos protestantes? Veja o que o Dave afirmou sobre
isso.
E a concepção de que a
Igreja é infalível somente quando declara verdades em consonância com a
Escritura?
É uma opinião
inadequada. De fato, isso faz qualquer um infalível. Quando uma pessoa crê em
uma doutrina correta, e a ensino, está sendo infalível. Não faz sentido. A
infalibilidade da Igreja é para dar uma coesão, uma unidade, para ser um
baluarte da fé.
O apologista
protestante afirma que sabe ler os documentos da Igreja, pela sua maneira de
expressar, mostrando certeza de que a Igreja ensinou isso e isso em tal época,
mesmo que os papas e o magistério inteiro afirmem que se trata de algo diverso.
É algo para ser pensado.
Para o mesmo, trata-se
de livre exame feito pelos católicos com o intuito de defender a Igreja. O
problema é sério, pois os protestantes leem os documentos da Igreja e se
mostram como entendedores do que os mesmos dizem, ao passo que negam que os
próprios católicos os entendam, afirmando que não estão compreendendo o que a
própria Igreja ensina, ou que escondem, ou manipulam, ou negam, etc., o que a
Igreja ensinou e ensina.
Essas e outras questões
podem ser verificadas no artigo do Dave. Agora, uma palavra sobre a refutação
apresentada pelo Dave Armstrong.
Espero que o apologista
protestante entenda que o documento Unigenitus
trata de questões na categoria de “decretos
disciplinares” e não de fé e moral, e portanto não é dogmático, não é
infalível, não é imutável, e portanto serve para determinada área, tempo,
circunstância. Que o Senhor ilumine o coração de quem tiver o interesse de
entender essas questões.
Bem notado pelo Dave, o
celibato como regra na igreja é algo
que não entra na questão doutrinal, dogmática, infalível, imutável. É uma regra
eclesiástica, um costume estabelecido, e é claro que o celibato em si é de
acordo com o evangelho, assim como a autoridade da igreja em fazer regras que
não vão contra a revelação. Esse é o entendimento da Igreja.
São coisas que vão
iluminando a mente, são exemplos que ajudam a entender mais a doutrina
católica. Eruditos, teólogos, pessoas cultas, no âmbito não católico, geralmente
não entendem bem o Catolicismo.
Gledson Meireles.
Artigo no blog
protestante: Evangelical
Miscellanies: Was the Bible Forbidden by the Roman Church?
Artigo do Dave
Armstrong: “Unigenitus”
(1713) vs. Personal Bible Study? | Dave Armstrong (patheos.com)
Artigo do Francisco
Tourinho: "Unigenitus"
(1713) vs Estudo Pessoal das Escrituras: Resposta a Dave Armstrong - O
Calvinismo Explicado.
Artigo do Dave,
refutação: “Church
vs. the Bible” (vs. Francisco Tourinho) | Dave Armstrong (patheos.com).