terça-feira, 4 de maio de 2021

Passagens bíblicas referentes à virgem Maria

O Salmo 69 é messiânico. Isso significa que ele trata da Pessoa de Cristo, do Messias. Dessa forma, podemos aprender muito de Jesus ao ler esse Salmo. No entanto, é preciso entender uma coisa básica, e que é esquecida por muitos teólogos protestantes.

A questão é que por ser um salmo messiânico, isso não quer dizer que todas as afirmações contidas em cada verso do Salmo se aplicam a Cristo. De fato, são apenas algumas porções do texto sagrado que referem-se a Jesus, e não o salmo inteiro.

Para ficar mais claro, basta ler o verso 2, e verá que não fala de Jesus: Salvai-me, ó Deus porque as águas me vão submergir. Só uma interpretação bastante metafórica pode ver alguma aplicação para a vida de Jesus nesse verso.

O verso 3 diz: Estou imerso num abismo de lodo, no qual não há onde firmar o pé. Vim a dar em águas profundas, encontrem-me as ondas.

O verso 6 é ainda mais enfático: Vós conheceis, ó Deus, a minha insipiência, e minhas faltas não vos são ocultas. Jesus não era insipiente, não tinha faltas. Portanto, esse verso absolutamente nada tem a ver com Jesus Cristo.

Da mesma forma, tantos outros versos não se aplicam a Jesus. Como o verso 9, que diz: Tornei-me um estranho para meus irmãos, um desconhecido para os filhos de minha mãe. Jesus foi incompreendido por Seus parentes, chamados “irmãos” nos evangelhos, mas não tornou-Se desconhecido deles.

Também, esses não eram filhos de Maria, que só teve um filho, Jesus. Por essa razão, o Novo Testamento não usa esse verso para falar de Jesus, nem mesmo quando São João escreve, no capítulo 7, que os irmãos de Jesus não criam nEle. Seria hora apropriada de lembrar uma profecia, se essa fosse relativa a Cristo, mas não era. O motivo do versículo não ser aplicado a Jesus nos evangelhos é notório: Jesus era filho único.

Interessante, que o verso 10 é usado por São João para falar de Cristo: É que o zelo de vossa casa me consumiu, e os insultos dos que vos ultrajam caíram sobre mim.

Assim, quando os protestantes lembram-se dessa passagem para aplicar a Cristo estão fazendo algo que o contexto bíblico não permite fazer.

Outra questão importante é que a teologia bíblica faz aplicações de passagens de uma porção da Escritura a determinada pessoa, sem necessidade de que o contexto original esteja conectado a isso.

Com isso em mente, temos que os padres da Igreja interpretam várias passagens bíblicas como referentes a Maria, e à Igreja de forma geral, segundo o modelo bíblico referido acima. É o fundamento bíblico posto em prática pelos intérpretes da Igreja.

Dessa forma, os Cânticos 4, 7 falam de Maria. “És toda bela minha amada, e não há mancha em ti.

Essa passagem fala da Igreja, conforme Efésio 5, 27, pois Deus purifica a Igreja e a levará à total santidade para entrar no céu. No entanto, há uma pessoa feminina na qual a passagem tomou forma e cumpriu-se: a virgem Maria. Ela é toda bela, amada de Deus, e não há mancha nela. Ou seja, não há pecado. Por isso a imaculada conceição.

Como a Igreja será toda pura, não terá pecado quando estiver para sempre no céu, Maria já recebeu a graça desde sua criação.

Isso não quer dizer que todas as passagens dos Cânticos dos Cânticos devem falar de Maria, nem que todos os versículos do capítulo 4 devem falar de Maria, mas que essa verdade aí contida, no verso 7, é uma verdade espiritual que aplica-se perfeitamente a ela. É assim que se faz teologia.

Gledson Meireles.

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