domingo, 10 de setembro de 2017

Sobre o poder das chaves, Mt 18,18

A explicação protestante para o texto de Mateus 16,19  é de que se trata do poder de pregar o evangelho. Assim, a resposta à pregação da boa nova declarará o ouvinte dentro ou fora do Reino dos Céus, já que uma vez que ele é convertido e converte-se de fato, respondendo positivamente à pregação, estará ligado ao reino, doutro modo, ouvindo e rejeitando o evangelho estará fora do reino.

Seria apenas uma declaração advinda da pregação o evangelho, feito aos ímpios, e Pedro teria  prerrogativa igual à dos demais apostólicos que também receberam o mesmo poder em Mateus 18,18. Desse modo, entendendo esse último texto, teremos mais conhecimento do sentido de Mateus 16,19.

Aos apóstolos foi dito: “Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu e tudo quando desligardes na terra será desligado no céu.” De que se trata¿

O contexto é a correção fraterna. Uma vez que alguém peca, o fiel cristão deve adverti-lo privadamente. Se ele ouvir, a questão está encerrada. Do contrário, deverá chamar mais alguém para tratar do assunto com o irmão pecador, uma ou duas pessoas. Se persistir em não emendar-se, a Igreja deverá ser procurada, e somente assim, caso não houver arrependimento, haverá a sentença e declaração de que trata-se de pagão ou pecador público, não sendo mais tratado como irmão.

É assim que aparece o texto: “Em verdade vos digo: tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu e tudo quando desligardes na terra será desligado no céu.”

 O poder das chaves aí é uma sentença em relação a um crente pecador, ou seja, alguém que já é cristão, mas que pecou e não está arrependido e não aceitou a correção, e, portanto, não emendou-se da sua falta. A Igreja usa do poder das chaves para disciplinar e afirmar ele está fora da Igreja e deverá ser tratado como pagão ou publicano a partir dali. Vê-se que o texto não pode significar pregação do evangelho, mas tem o sentido de usar do poder das chaves para questões de perdão ou não, usando a disciplina eclesiástica. Foi esse o poder recebido por Pedro e, com ele, pelos outros apóstolos.
 
Gledson Meireles.